22.5.05

O Massacre da Serra Elétrica (The Texas Chainsaw Massacre)

Noite. Em uma espécie de galpão aberto, Leatherface segura uma motoserra com os braços esticados dobre sua cabeça. Uma pessoa está caída no chão com os braços erguidos tentando se proteger e uma caminhonete está no fundo iluminando a cena com seus faróis acesos.

2003
Terror
Direção: Marcus Nispel
Roteiro: Kim Henkel e Tobe Hooper (ambos do filme de 1974)


Eu já tinha escrito uma crítica desse filme, mas por questões de força maior resolvi reescrevê-la. Acontece que quando eu assisti a refilmagem, eu já havia assistido o original muito tempo antes. Assim, como a nossa memória nos prega peças, tive a impressão de que a refilmagem era mais parecida com o original do que de fato o era. Porém, há um tempo atrás fiz uma “noite de massacre” com a Amiga-da-Kaiako e assistimos os dois filmes de uma vez. Assistir a refilmagem exatamente depois de ter assistido o original é extremamente brochante! Bom, vamos lá:

Como a direção e o roteiro estão aqui em cima, vou começar com um pequeno detalhe técnico: parece que o diretor de fotografia é o mesmo do Massacre original, Daniel Pearl. E gostaria de salientar o fato de que O Massacre da Serra Elétrica de 1974 está na minha lista 'Top 10 Terror/Suspense'. E modéstia à parte, isso não é pouco. Os únicos filmes de terror que me deram medo foram Ju-On: The Grudge e O Massacre da Serra Elétrica de 74. Neste último, eu precisei abaixar o som, pra 'sair um pouco do filme', e uma das razões de o filme ter me aterrorizado tanto foi a fotografia (daí a importância de ambos terem o mesmo diretor de fotografia! entendeu, campeão?!?). Só para ilustrar as coisas, e juro q não estou querendo me gabar, confesso que assisti O Exorcista pela primeira vez (escondida atrás da porta) quando tinha uns 8 anos e nem tive pesadelo.

Agora, sim. Vou realmente começar. Resumindo: a refilmagem É boa, mas ela é melhor como filme independente do que como refilmagem, ou sequência. Ela se esforça para conseguir o mesmo 'ar' de realidade que o original (e posso dizer que quase consegue). Acho que o fato de ser baseado em história real ajuda um pouco. E os atores, então??? A tal de Jessica Biel está ótima, o Jonathan Tucker também. Mas show mesmo deu o R. Lee Ermey (A Vingança de Willard), como Sheriff Hoyt. Nojento!!! Já o Leatherface (Andrew Bryniarski) não tem aquele andar de criança, não tem aquele jeito de criança; ele esttá mais para um Jason!

O filme muda muita coisa do original, a ponto de eu considerá-lo mais uma continuação do que uma refilmagem. Mas no geral, a trama é a mesma: 5 jovens dão carona pra alguém na estrada, acontece algo estranho e, de alguma forma, vão parar no casarão do Leatherface.

Diferente do original, os 5 não estão à procura da casa abandonada da avó de um deles, mas voltando do México, onde foram comprar maconha. Ou seja, eles não são jovenzinhos inocentes, como no original, apesar de Erin (Jessica Biel) passar o filme inteiro dando uma de santinha!

Logo no começo do filme dá pra perceber que eles não estão em um lugar normal onde existem pessoas normais. Fora os 5, todos os personagens do filme parecem ser extremamente estranhos, mais estranhos q o normal, mais estranhos do que eu, inclusive! Isso ajuda a dar um bom clima pro filme. Vai dando um desespero, que vai crescendo a cada personagem novo que aparece. Sem falar do David Dorfman (O Chamado 2) que faz com destreza o papel do menininho esquisito.

Falando em desespero, uma coisa que eu gostei foi que o filme tenta bastante não se basear apenas em sustos. Tem sim seus sustos, mas procura utilizar aquelas sensações horríveis (impotência, pânico, nervoso, aaaarghh, desespero, entre outras...) que fazem de um filme de terror decente, um filme de terror decente. Mas teve um susto em especial: eu dei um daqueles gritos cinematográficos, aí minha cachorrinha Nina pulou no meu colo e começou a tremer que nem vara verde e depois foi se esconder no cantinho do meu quarto, bem longe da tv! É, esse filme dá medo pra cachorro!

Porém, o filme original tem um toque especial e um diferencial que a refilmagem não tem. Além de o som do original ser muito mais tenebroso (todos os tipos de barulhos assustadores são potencialmente altos nesse filme, o que vai dando um nervoso, e arrepia a espinha num grau inimaginável), existem várias cenas repletas de cotidiano, que fazem o filme ser ainda mais perturbador. Cenas como: (contém spoiler)

  • O pai do Leatherface pega a loirinha protagonista no posto e a coloca em um saco dentro da caminhonete. É uma cena angustiante, mas logo após ligar o carro, ele o desliga novamente e vai até o posto, APAGA AS LUZES E TRANCA A PORTA! E ainda volta e fala pra menina algo como: "Ultimamente a eletricidade está ficando cada vez mais cara..." Tipo, O QUÊ?????? Cite um filme no qual o pai sádico e louco do assassino sanguinário está preocupado com roubos e conta de luz!
  • Assim que esse maluco chega em casa carregando a protagonista, ele dá de cara com a porta da casa esmigalhada pela serra do filhinho doente. E eis que ele diz: "Olha o que aquele menino fez com a porta de casa!!!" E então ele corre atrás do LEATHERFACE (repito, LEATHERFACE, que possui uma serra elétrica!!!) e dá uns croques na cabeça dele (e não é que o LEATHERFACE choraminga com a bronca!?).
  • Isso sem contar a cena do jantar em família... Não tenho palavras para exprimir o que sinto a respeito dessa cena. Aquele vovô era simplesmente... urgh!

E a refilmagem não tem nada disso. Tem muitas cenas boas, mas NENHUMA que se compare a essas (entre outras) do original. Além disso, o original inovou, é um filme que mostra um massacre com uma realidade tão bruta que chocou a sua época. Essa crueza, o modo como o filme mostra o massacre tão sem floreios, de uma forma "nua e crua", não era nada compatível com a sua época. Tanto que ele acabou sendo proibido em diversos países. E depois, frente a isso, o cinema de terror o copiou à exaustão. Agora, a refilmagem tem pouco diferencial, ela diminuiu O Massacre da Serra Elétrica para torná-lo um filme praticamente comum.

Claro, dou um crédito à refilmagem, pois realmente parece que tentaram colocar o terror psicológico, mas acabaram fracassando. Eles tinham potencial com aquela comunidade louca, mas ela não chega aos pés da tetricidade da família do original. De qualquer forma, é um filme bom em vista do que se tem feito por aí; mas sinto muito, O Massacre da Serra Elétrica de 1974 é um filme inigualável.

O recado está dado. Divirtam-se.

Dedico essa crítica à memória de D. Nena, quem me trouxe o gosto por histórias de terror.

10.5.05

O Chamado 2 (The Ring Two)

O pequeno David Dorfman está deitado de olhos fechados em uma banheira, enquanto Naomi Watts se debruça sobre ele, preocupada segurando para que ele não afunde.

2005
Terror
Direção: Hideo Nakata
Roteiro: Kôji Suzuki (autor do livro) e Hiroshi Takahashi (Ringu)



Espectativa. Filme com mesmo diretor do original. Mas isso não fez de O Grito um filme bom... Do original só assiti Ringu 1, que achei melhor do que O Chamado 1. Mas gostei de O Chamado 2. Imagino que este seja bem diferente de Ringu 2, pois a história da Samara e da Sadako são diferentes em O Chamado 1 e Ringu 1. (nossa, deu pra entender alguma coisa?) 

De qualquer forma, gostei bastante de O Chamado 2. Tem cenas lindíssimas, não tem sustos gratuitos, mas a sensação de "ai, meu Deus, o que vai acontecer agora???????" (que me dá muito mais medo do que susto por susto) está presente no filme todo.

AMEI as referência que o Nakata faz a filmes clássicos como A Profecia (cena com os alces) e O Exorcista (a Samara lembrava muito a Regan), sem falar no uso da "Carrie" (Sissy Spacek) como mãe da Samara. Mis uma vez repito, eu não assisti Ringu 2, mas assisti Dark Water (também dirigido por Hideo Nakata). Meu, esse homem realmente tem uma coisa com água! A cena da água subindo no banheiro é maravilhosa!

É isso. O filme é uma coleção de cenas lindas! Soma-se a isso o roteiro bem construído. Tudo bem que teve gente que nem gostou porque a Samara tá mais malvada nesse filme do que no primeiro. Mas eu sempre achei que essa menina era o cão do inferno, desde o primeiro filme, então...

Mas o filme está longe de ser perfeito. Não gostei de alguns usos gratuitos de efeitos especiais. A fita ficou totalmente em segundo plano, mas isso passa. Também achei ruim a existência da mãe da Samara: mudou tanto o rumo da história que nem imagino como vai ser o próximo filme, já que, nos originais, o terceiro (Ringu 0) é o que conta a história da Samara. (SPOILER!!!) Além disso tem o final água com açucar, que ficou muito doce pro meu paladar: Acho que ia ficar muito mais interessante se a mãe do menino morresse.

(MAIS SPOILER!!! - inclusive de Dark Water)
Outra coisa que me deixa apreensiva. O Hideo não usou só a água como referência ao
Dark Water, o final é muito parecido também, com o lance da menininha em busca da mãe. A única diferença é que em Dark Water, a mãe morre no final (falei pra você não ler!) - muito melhor do que o final semi-feliz fajuto dO Chamado 2. Isso me inquieta porque quando sair a refilmagem de Dark Water (dirigida por Walter Sales), vão dizer que foi cópia dO Chamado 2. A não ser que o Walter mude tudo também!