29.10.07

Os Mensageiros (The Messengers)

Um garotinho loiro está parado em frente a um corredor escuro, de onde sai um braço pálido com aberta em direção à cabeça dele. O menininho está de costas, mas com o corpo virado para olhar para trás (onde está a câmera) e, por isso, não vê a mão ameaçadora saindo das sombras.



2007
Suspense
Direção: irmãos Pang
Roteiro: Mark Wheaton







Taí um típico filme que não acrescenta nada, a ponto de sequer ficar na memória depois de 15 minutos do término. É um bom entretenimento? É. É um bom filme? Ah... até que é, vai. Mas é um típico "irmãos Pang": muito alarde e pouco fato.

Jess Solomon (Kristen Stewart) é uma menina que está enfrentando problemas no seu relacionamento com seus pais Roy (Dylan McDermott) e Denise (Penelope Ann Miller). Os três e seu irmão caçula Ben (Evan Turner / Theodore Turner) se mudam para um sítio em uma pacata cidade. Jess e o pequeno Ben começam a perceber que a casa pode ter sido palco de estranhos acontecimentos, mas o único que parece acreditar na garota é Burwell Rollins (John Corbett), o novo ajudante de seu pai.

Irmãos Pang... Primeiro vem aquele auê todo por causa de A Herança (The Eye). Achei muito bom, mas também não era pra tanto. Depois mais auê por causa de Visões (The Eye 2), e esse nem bom eu achei. Aí vem Assombração, e sobre esse prefiro nem falar mais nada. Tudo isso já me fez ficar com os dois pés atrás antes de ver Os Mensageiros.

O filme tem uma fotografia muito boa - e a isso tenho que dar o braço a torcer, os Irmãos Pang sabem como deixar um filme "belo". Tem cenas de suspense ótimas, atores competentes e uma história muito boa. Parece quase unânime que a cena dos corvos ficou no ponto, e foi obviamente inspirada em Os Pássaros.

Porém, o roteiro deixa muito a desejar (é, não se pode confundir história com roteiro). As cenas foram construídas de modo a deixar o filme muito previsível. E me fica a dúvida se no fim das contas aquele final não acabou ficando até mesmo forçado...

É, nada de novo no Reino da Babilônia...


21.10.07

A Casa dos Maus Espíritos (House on Haunted Hill)

Em preto e branco, uma imagem externa da residência robusta em estilo moderno e o entorno escuro (noite), com um carro subindo por uma pista margeando a casa com os faróis acesos. Em primeiro plano, escrito em branco no centro da tela, o nome do filme: "House on Haunted Hill".

1959
Terror
Direção: William Castle
Roteiro: Robb White







Da última vez falei sobre terror com classe, hoje falo de ator com classe. Um filme ótimo, cuja história foi recontada inúmeras vezes de diversas formas diferentes; mais um filme sobre mansões mal-assombradas, mais um clássico para a minha coleção. Mas acima de tudo, um filme estrelado por Vincent Price, primoroso, sublime.
 
Frederick Loren (Vincent Price) e sua esposa Annabelle Loren (Carol Ohmart) decidem dar uma estranha festa. Poucos são os convidados, escolhidos aparentemente aleatóriamente, e todos receberão 10 mil dólares ao final da festa, caso sobrevivam (senão o pagamento será feito aos seus herdeiros). Uma casa mal-assombrada será palco da suposta festa, e seu amedrontado proprietário, Watson Pritchard (Elisha Cook Jr.), também estará presente. Para conseguir o dinheiro, os convidados têm apenas uma condição, passar uma noite inteira na casa, cujas portas se trancarão a partir da meia-noite.
 
Vincent Price é um dos ícones do cinema de terror. Estrelou filmes como Museu de Cera (53), o Poço e o Pêndulo (61), O Corvo (63), O Abominável Dr. Phibes (71), As Sete Máscaras da Morte (73) e Edward Mãos de Tesoura (90) - este, seu último filme, fechando sua carreira com chave de ouro. Seus papéis, que quase sempre envolviam loucos excêntricos e cheios de classe, preencheram os filmes de terror com uma elegância há muito perdida.
 
A Casa dos Maus Espíritos é um filme ótimo. É dotado de efeitos especiais divertidíssimos de se ver nos dias de hoje (e que até me impressionaram por sua qualidade), efeitos sonoros recheados de gritos e gargalhadas - hoje tão relacionadas às casas mal-assombradas - e um cenário fantástico. A casa onde ele se ambienta tem uma arquitetura que me lembrou muito uma mistura de Flávio de Carvalho com um toque Frank Loyd Right (é pena que poucos compreenderão o que isto significa), uma construção robusta e com ares faraônicos.
 
As atuações são todas realmente ótimas. A mocinha Nora Manning (Carolyn Craig) deve ter ficado rouca no final das filmagens de tanto que gritou. E que gritos! Porém, acredito que posso afrimar que foi Price quem carregou o filme todo e ajudou a embutir nele todo o clima de apreensão e desconfiança que o mesmo possui.
 
O remake, A Casa da Colina (99) - dirigido por William Malone e com roteiro de Dick Beebe - agregou muita coisa à história original, atribuindo um novo passado à casa e um motivo para que cada personagem tivesse sido convidado. São idéias muito boas, porém que da forma como foram trabalhadas acabaram agregando um toque muito grande de "teen" no filme. Os anfitriões da fatídica noite de "festa" passam a se chamar Sr. e Sra. Price (Geoffrey Rush e Famke Janssen) - claríssima homenagem a quem? E pode-se dizer que Geoffrey Rush fez um trabalho interessante como o excêntrico milionário, deixando o personagem mais canastrão, porém que não sai do caricato se comparado à fantástica atuação de Vincent Price.
 













À Esquerda Geoffrey Rush e à direita Vincent Price, ambos como "o anfitrião".






...

Posteriormente eu escrevi outro texto sobre esse e outros filmes, onde eu atualizo minhas impressões: Especial Vincent Price - parte 4

14.10.07

A Casa da Noite Eterna (The Legend of Hell House)

Uma sala de paredes azuis e cortinas vermelhas. A uma mesa de jantar de de madeira com cadeiras almofadadas de espaldar alto, um homem branco de preto está sentado de um lado (longe e de frente para a câmera), uma mulher branca de rosa está sentada do outro lado (próxima e quase de costas para a câmera) e um homem de calça e blusa em tons ocre está em pé ao lado da cadeira da ponta (próximo e quase de costas para a câmera). A sala é iluminada por arandelas e a mesa está posta sem toalha.


1973
Terror
Direção: John Hough
Roteiro: Richard Matheson




Se existe terror com classe, esse filme é praticamente seu símbolo. Com uma atmosfera envolvente e poucos efeitos especiais, é o filme perfeito para se assistir em uma noite chuvosa.

Depois de comprar uma mansão famosa por ser mal-assombrada, o Sr. Deutch (Roland Culver) propõe ao médium físico Benjamin Fischer (Roddy McDowall) - único sobrevivente lúcido de uma tentativa anterior de estudar a mansão -, à medium psíquica Florence Tanner (Pamela Franklin) e ao físico Lionel Barrett (Clive Revill) que passem uma semana na mansão estudando a veracidade das lendas que a envolvem. Para isso, oferece 100 mil libras para cada um, independente do resultado dos estudos. Assim, os três - juntamente com Ann Barrett (Gayle Hunnicutt), a esposa do Sr. Barrett - aceitam a proposta e se preparam para a pior semana de suas vidas - e, para alguns, a última.

Já fazia um bom tempo que eu estava com esse filme em casa. Selecionei-o juntamente com outras obras antigas que tratam do mesmo tema, casas mal-assombradas, na ansia de ampliar meu curto repertório - já que é um tema que sempre me interessou muito. Porém, acabei esquecendo-os distraida com filmes mais novos.

O tempo passa, o tempo voa, e eu aqui pensando no que fazer enquanto meu querido computador não volta do conserto. Mas, ei, tem aqueles filmes velhos que eu ainda não assisti... E qual não é a minha surpresa ao ver que toda a minha espectativa foi superada! Que delícia de filme!

Há de se convir que a história já não era lá muito original nem para a sua época. Um grupo de pessoas desafiados a passar uma (ou várias) noites em uma suposta casa mal-assombrada é um enredo já usado em A Casa dos Maus Espíritos, de 1959, mas, claro, não era algo tão batido como hoje em dia. Porém, a destreza com que esse filme foi feito, destaca-o em meio à esse bolo de filmes iguais que temos atualmente. É uma grande injustiça ele já não ser mais muito conhecido.

Direção primorosa de John Hough e roteiro muito bem construído por Richard Matheson (também roteirista de Encurralado) criaram um clima mais que perfeito, com tomadas sombrias, por entre estátuas estranhas e objetos empueirados. Soma-se a isso, as atuações extremamente consistentes - destaque para o fantástico Roddy McDowall. E uma curiosidade: o filme conta com uma participação mais que especial de Michael Gough (o querido mordomo Alfred dos primeiros filmes do Batman).

Enfim, para quem gosta de filmes de mansões e fantasmas, está aí um prato cheio. Um ícone, impossível de se encontrar na atualidade outro à altura.