23.5.10

Failure to Launch (Armações do Amor)



2006
Comédia, Romance
Direção: Tom Dey
Roteiro: Tom J. Astle e
Matt Ember







Mais uma vez vejo muitas promessas gerando bastante decepção. Armações do Amor é um filme que tinha tudo para ser excelente e original, mas não passa de outra comédia romântica como tantas outras.

Al (Terry Bradshaw) e Sue (Kathy Bates) são um casal que não aguenta mais que Tripp (Matthew McConaughey), seu filho de trinta-e-tantos anos, more sob seu teto. Por isso, contratam Paula (Sarah Jessica Parker), que promete conquistá-lo e amadurecê-lo a ponto de fazer com que ele finalmente decidisse sair da casa dos pais e ir morar sozinho.

Armações do Amor, exceto por esse título horrível no Brasil, nem é ruim. Apesar de se resumir a apenas mais uma comédia romântica dentre tantas outras, é divertido, tem uma história interessante, personagens carismáticos, uma bela fotografia. Em um panorama geral, mesmo não figurando entre os melhores de sua categoria, é um filme que tem sua graça.

Contudo, poderia ser muito melhor. Com Kathy Bates no elenco, seria imprescindível que os pais do trintão tivessem mais relevância. Uma abordagem mais intensa no relacionamento do casal de meia idade que se encontra privado da liberdade pela presença ad eternum de seu filho renderia bons frutos - vide a ótima cena em que Al é surpreendido por Tripp alimentando os peixes do aquário, o surpreendente é que Al faz isso enquanto está completamente pelado. Em vez disso, o roteiro apostou em uma história comum e previsível, onde a problemática entre os pais e o filho não passa de uma desculpa para o envolvimento entre os personagens de Mathew McConaughey e Sarah Jessica Parker.

Esta última, por sinal, interpreta uma personagem com pouco carisma e que, apesar de ser a personagem principal, passa por uma tranformação que não convence. Mesmo no final do filme ela é extremamente arrogante e demonstra pouco sofrimento com a perspectiva do término de seu relacionamento com seu par romântico. Mathew, em contrapartida, está ótimo como o trintão ridículo, porém, sozinho não consegue fazer da paixão entre Tripp e Paula algo crível. O diálogo entre os dois, numa das cenas finais, é sofrível. Já o casal formado pelos melhores amigos de ambos, Kit (Zooey Deschanel) e Ace (Justin Bartha), é muito mais simpático e engraçadinho - eu torci mais para esses dois ficarem juntos do que para Paula e Tripp.

Outro detalhe do filme que me desagradou bastante foram as cenas em que Tripp é atacado por animais reconhecidamente dóceis. É um toque de pastelão gratuito e que não combina com o clima do restante do filme.

Enfim, continuo com essa sensação de que houve um desperdício de elenco, atores que poderiam render um filme ótimo - me arrisco a dizer que visualizava até um possível concorrente para Entrando Numa Fria Maior Ainda. Porém, acabei encontrando um filme legalzinho e que quer concorrer com Hitch, mas perde.

9.5.10

I am Legend (Eu Sou a Lenda)


2007
Suspense, Ação
Direção: Francis Lawrence
Roteiro: Mark Protosevich
e Akiva Goldsman




Esse filme me foi recomendado por diversas pessoas que não gostam de filmes de terror, nem de monstros. E ele me parecia que seria basicamente isso, de modo que a curiosidade aguçou.

O ano é 2012 e um vírus, originado pela tentativa de se conseguir a cura para o câncer três anos antes, havia transformado pessoas em desfigurados e desumanizados seres sedentos por sangue e com grande sensibilidade a qualquer tipo de luz. O único sobrevivente de New York, e talvez do mundo, é Robert Neville (Will Smith), um cientista imune ao vírus que se sente culpado por não ter conseguido conter a devastação do mundo. Acompanhado de sua fiel cachorra Samantha, ele se esforça por se manter vivo, não enlouquecer, encontrar outros sobreviventes. E tenta a todo custo descobrir uma cura para o vírus e conseguir reverter a situação.

Ao assistir Eu sou a Lenda, tive a impressão de que ele tinha alguma pretensão de ser uma versão de suspense de O Náufrago. Samantha faz as vezes de Bola Wilson - e é extremamente carismática e cativante. Mas Will Smith não é exatamente um Tom Hanks e, além disso, a ilha do náufrago não estava infestada de ‘zumbis’ noite afora. O desenrolar de Eu sou a Lenda é cheio de momentos dramáticos – que de fato me fizeram chorar bastante, mas fica a sensação de que tudo não passou de um pouco de forçação de barra para conseguir colocar mais profundidade a um simples ‘filme de zumbis’*. Porém, no fim das contas, Eu sou a Lenda acabou conseguindo realmente ser um ‘filme de zumbis’ diferenciado e muito bom.

Nesse ponto já deve haver várias pessoas gritando com a tela do computador: não são zumbis!!! Porém, eu peço desculpas a essas pessoas, pois continuarei me referindo ao filme dessa forma. Mesmo que tecnicamente os monstrinhos não sejam zumbis, pois não são mortos-vivos, mas são praticamente isso.

Voltando. Como eu disse, Will Smith não é exatamente o melhor ator de sua geração, mas ele consegue carregar o filme praticamente inteiro completamente sozinho, e consegue fazer isso com bastante competência. Já está se comprovando que ele é um ótimo ator e não apenas um ótimo comediante. Uma surpresa é a presença de uma brasileira, Alice Braga, filha da Sônia Braga. O papel não é grande, mas, tendo em vista a pouca quantidade de personagens ao longo do filme, digamos que ela é a terceira personagem com maior destaque na trama (claro, a Samantha é a segunda). E Alice Braga não faz feio e já mostrou um belo dum potencial (só desconte um tiquinho de puxa-saquice minha por ela ser brasileira).

Apesar disso, mais ou menos a partir do ponto em que a nossa brasileira aparece é que o filme começa a não me entusiasmar tanto quanto antes, culminando em um final que não me pareceu tão apoteótico quanto tenta ser. O ato heróico se mostrou mais como um pretexto para dar mais ênfase ao nome do filme, do que um final daquele tipo: ‘nossa, esse era realmente o melhor final para esse filme’.

Por esse motivo, e também por outros citados no início do meu texto, acredito que, apesar de Eu sou a Lenda ter conseguido se destacar dentre os ‘filmes de zumbis’, ele não me pareceu mostrar uma abordagem tão profunda quanto a de, por exemplo, Extermínio – o qual preciso rever, por sinal. Eu sou a Lenda é um filme realmente muito bom, do qual eu gostei muito. Mas é um pouco pretensioso.


* Deve-se destacar que o que eu estou chamando de zumbis são, de acordo com o romance homônimo no qual o filme foi baseado, vampiros. Não li o livro, mas no filme eles pouco se assemelham ao que classicamente se entende por vampiros.