28.11.10

The Last Exorcism (O Último Exorcismo)




2010
Terror, Suspense

Direção: Daniel Stamm
Roteiro: Huck Botko e Andrew Gurland

 


Lá vamos nós outra vez. Outro filme em que o câmera-man é um dos personagens, dessa vez num falso documentário, O Último Exorcismo desafia a possibilidade do desgaste.

Reverendo charlatão, Cotton Marcus (Patrick Fabian) é um exorcista que não acredita em Deus nem no diabo - mas se julga um prestador de serviços eficiente, funcionando como um placebo. Depois de ler uma notícia em que um garoto morre durante um exorcismo, o homem começa a acreditar que sua profissão pode fazer mais mal do que bem às pessoas. Por isso, ele decide fazer um documentário em que expõe toda a falcatrua que existe por trás dos exorcismos, numa tentativa de acabar com essa prática. Assim, ele e uma pequena equipe vão em viagem para registrar seu último exorcismo, mas nem tudo sai como esperado.


Primeiro tivemos um desgaste do tema 'exorcismo' com Exorcista - O Início, Dominion e O Exorcismo de Emily Rose. Agora, quase 10 anos após o sucesso de A Bruxa de Blair, estamos vivendo uma overdose de filmes que se lançam como falsos documentários ou falsos filmes caseiros, como [REC] (1 e 2), Cloverfield e Atividade Paranormal (1 e 2). Dessa forma, não satisfeitos em abordar um tema fragilisado pela sua repetição, O Último Exorcismo decidiu abordar dois.

Com isso, quando o filme consegue fugir do lugar comum de um lado, entra no lugar comum do outro. É assim em diversas passagens, como o início com veia introdutória e com as perguntinhas aos moradores supersticiosos da pequenina cidade, aos moldes de A Bruxa de Blair; o exorcismo no celeiro de O Exorcismo de Emily Rose; os contorcionismos de qualquer filme de possessão. Até mesmo o final (e não leia o que vem a seguir se não quiser conhecê-lo ainda), ao mostrar um fim bastante trágico e muito diferente do usual dentre os filmes exorcisantes, repetiu a cena mais escolhida dentre os falsos documentários / caseiros: o corre-corre, a imagem super tremida e o grand finale da câmera caindo ao chão.

Além disso, quando O Último Exorcismo atinge a cena que, à priori, seria seu maior objetivo, o que é apresentado é de pouco interesse. Fora os impressionantes contorcionismos de Ashley Bell, que vive a possuída Nell, nada de chocante acontece. Há um diálogo quase banal entre Cotton e o demônio dentro de Nell, além dos citados contorcionismos. E tudo pelo qual esperávamos acabou antes mesmo de começar.

E, assim como a passagem do exorcismo é broxante, da mesma forma acontece no restante dos momentos chaves. Novos spoilers a seguir: enquanto é fácil aceitar que a câmera não mostra as mortes em A Bruxa de Blair e Atividade Paranormal, o fato de estarmos com a sede de sangue insaciada pelo exorcismo sem sal torna quase irritante o momento final que esconde as três mortes do filme.
O que ajuda também na nossa revolta contra esse desfecho é a cena em que Cotton e sua equipe voltam para casa após descobrir que Nell está grávida de um namoradinho. Desnecessário tentar fingir que o filme terminava naquele ponto, com aquela música leve de happy ending. Era tudo tão previsível que eu cheguei a rir. E o que dizer sobre a morte do gatinho? O problema é que eu estava tão entretida imaginando a cena cômica (garota possuída por um demônio correndo pelo gramado enquanto se preocupa em filmar seu trajeto), que nem consegui me concentrar no bixano, coitado. Até porque o sangue do pobre tapou a nossa visão borrando a lente da câmera.

Entretanto, não só de defeitos é feito O Último Exorcismo. Contando com um bom elenco de atores desconhecidos, todos convencem em seus papéis, além de apresentarem personagens plausíveis - Cotton e Nell possuem a pitada certa de carisma necessário para envolver o espectador com a trama. Como sempre, digo que esse é um fator importantíssimo, senão um dos mais importantes ao se produzir um filme. Um personagem ou ator errado pode acabar com qualquer chance de o filme causar impacto no público.

O Último Exorcismo também conta com uma introdução bastante interessante das motivações de Cotton e é fator importante na construção do personagem. Outro bom momento é quando da reviravolta na história, em que o pai da menina quase se torna o grande vilão, injetando adrenalina em algo que parecia morno demais. E funciona, pois as correrias pela casa, o desconforto dos personagens por estarem longe de seus domínios e a confusão causada pela súbita mudança da fonte de terror fazem a tensão atingir bons picos no espectador.

Porém, é o fato de ficar em aberto a existência da possessão que se torna o grande trunfo que não pode ser ignorado. Junto a isso, agrega-se que o filme realmente funciona como maneira de escancarar a sempre existente exploração das pessoas utilizando-se de suas crenças.

Assim, apesar dos deslizes, o filme de Daniel Stamm consegue trazer algo de inovador em seu enredo. E, mesmo estando longe de se firmar como um dos grandes exemplares do terror, O Último Exorcismo é interessante ao seu modo.

21.11.10

Paranormal Activity 2 (Atividade Paranormal 2)




2010
Terror, Suspense
Direção: Tod Williams
Roteiro:
Michael R. Perry, Christopher B. Landon e Tom Pabst





Com algumas diferenças, o que vemos em Atividade Paranormal 2 é o já visto no primeiro. Entre melhorias e 'piorias', vale como explicação para a história e como uma revisitação às sensações que se tem ao assistir Atividade Paranormal.

Kristi (Sprague Grayden), seu marido Daniel (Brian Boland) e sua enteada Ali (Molly Ephraim) estão muito felizes com a chegada do novo mebro da família, o pequeno Hunter (William Pietro / Jackson Prieto). Quando o garoto já completou seu primeiro ano, um arrombamento na residência da família faz com que Daniel decida intalar um sistema de câmeras de vigilância interno. Porém, com o passar dos dias, Kristi e Ali começam a acreditar que a casa na verdade está sendo assombrada por um demônio.

Apesar da enorme semelhança com seu antecessor, Atividade Paranormal 2 poderia ser muito bom, se não falhasse justamente nos momentos em que tenta corrigir as falhas do outro. Uma das mudanças mais significativas fica a cargo do número de câmeras usadas no filme e a drástica diminuição da câmera em primeira pessoa. Porém, temos com isso uma faca de dois gumes. O recurso serve como uma maneira de diminuir a necessidade daquelas tomadas que não se justificariam num caso real - como ligar a câmera para discutir a relação, ou continuar filmando enquanto sua vida está por um fio.

Entretanto, com isso, nas cenas noturnas temos uma quebra de tensão, pois as imagens mudam rapidamente, mostrando a cada momento um cômodo da casa. Assim, perde-se a melhor coisa do primeiro filme,
que era o crescente medo e apreensão gerados pela imagem estática noturna do quarto do casal, em que a qualquer momento algo sobrenatural poderia acontecer.

Além disso, a filmagem em primeira pessoa era um ótimo recurso para aproximar o espectador da história, colocando-o quase como um personagem e fazendo-o sentir com mais intensidade os dramas e medos dos protagonistas. Porém, em Atividade Paranormal 2 esse tipo de cena não tinha como se sustentar sem a motivação do obcecado Micah para tal, o que fez com que o uso da filmagem em primeira pessoa fosse radicalmente diminuído. Mata-se assim, de uma tacada, os dois grandes pontos fortes de Atividade Paranormal.

Outra diferença visível fica a cargo do aumento do elenco. Além dos três protagonistas, do garotinho e de uma pequena participação da empregada da família, o filme ainda conta com Katie e Micah, os únicos principais personagens do primeiro filme. Temos também personagens um pouco mais carismáticos, principalmente pela presença do lindo menininho e de uma cachorra bastante simpática, o que ajuda muito a não deixar o filme cansativo enquanto apresenta o dia-a-dia da família.

Ainda assim, como no filme anterior, a ação demora muito a começar. E, com o problema da quebra-de-clima das excessivas mudanças de cômodos nos períodos noturnos, Atividade Paranormal 2 se torna tão maçante quanto o primeiro durante os 40 minutos iniciais.

De qualquer forma, mesmo com as modificações (para o bem ou para o mal), Atividade Paranormal 2 mantém o mesmo clima do anterior, utilizando-se até mesmo de sustos exatamente iguais. E sua maior qualidade é, de longe, a explicação que dá para os acontecimentos do primeiro filme. É um filme interessante para quem gostou do primeiro, mas não se sustenta sozinho.

14.11.10

Lista: 10 filmes de chorar

Quando eu estava assistindo Ilha do Medo, ao final eu chorava tanto que meu marido acordou assustado (sim, ele é do tipo que dorme em filmes). Pensando nisso, comecei a me lembrar de quais foram as cenas cinematográficas que mais fizaram-me chorar. Assim, hoje, ao invés de escrever sobre um filme, decidi listá-las.

Pode-se pensar que nem foi difícil selecionar as 10 cenas abaixo, visto que sou uma grande manteiga derretida. Entretanto, como eu choro em quase todos os fimes que assisto, não foi trabalho tão fácil separar 'o joio do trigo'.

Os filmes estão listados em ordem crescente de intensidade lacrimal:


10. Ilha do Medo
Cena: revelações finais.

Cuidado, contém Spoiler: Quando o personagem principal, Teddy Daniels começa a se lembrar de quem ele realmente é e no vídeo surge a cena em que ele chega em casa para encontrar sua esposa louca e seus três filhos afogados no lago, eu me descabelei. Filme agora não pode mais mexer com filho, fico tresloucada de chorar! A frase final do Teddy, dando a entender que ele sabia que seria lobotomizado, também deu um novo gás às lágrimas.


09. Uma Lição de Amor
Cena: toda a metade final do filme.

Olha, pra ser bem sincera, tenho poucas lembranças sobre esse filme. Uma delas é que chorei muito. Também, um drama que conta a história de um homem com retardo mental que está prestes a perder a guarda da filha... É de matar, né.


08. Titanic
Cena: quando o navio afunda e pessoas ficam presas.

O que foi aquele James Cameron mostrando as pessoas que ficaram presas em um dos níveis do navio? Precisava colocar aquela mulher abraçando as duas criancinhas na cama, cantando para elas dormirem? Isso foi apelação só pra fazer eu convulsionar de tanto chorar! E acontece toda santa vez que eu assisto o filme. Eu não consigo passar por essa cena incólume...


07. O Pianista
Cena: o velhinho da cadeira de rodas.

Taí outro que eu lembro pouco. Mas eu chorei tanto, mas tanto, que garrei ódio do filme. Sério mesmo. Quando eu vi a cena dos nazistas jogando o velhinho de cadeira de rodas pela sacada, eu fiquei tão revoltada, que me levantei chorando e saí da sala. Tiveram que parar o filme, porque eu estava desidratando de tanto chorar. Depois disso, fiquei muito tempo me recusando a reassistir o filme.


06. Em Busca da Terra do Nunca
Cena: momentos finais.

Eu tinha ido no cinema para ver o filme com minhas amigas (saudades...) depois de entregar um trabalho descomunal na faculdade e estávamos todas zuretas por não termos dormido quase nada à noite. Eu já comecei a chorar a cada referência que o filme mostrava sobre as coisas que inspiraram Barrie a escrever Peter Pan. Mas foi o final que nos pegou de jeito. Quando o filme acabou, continuamos imóveis nas cadeiras, loucas de tanto chorar, quase histéricas. E, entre lágrimas e suspiros, eu falei algo como: "É uma falta de educação eles acenderem as luzes assim, sem nem dar um tempo para a gente se recompor...". Foi quando uma de nós caiu na gargalhada, me chamando de maluca. E foi assim que fomos das lágrimas ao riso descontrolado em menos de 5 segundos. Todas começamos a rir enlouquecidamente. Nem conseguíamos sair do cinema de tanto que dávamos risada. As pessoas que estavam na fila, para a sessão seguinte, nos olhavam com estranhamento - também, pudera. Eu culpo a noite mal dormida e os nervos à flor da pele.


05. À Espera de Um Milagre
Cena: quando Eduard Delacroix vai à cadeira.

Apesar de metade dos personagens desse filme ser composta por assassinos sanguinários, é estranho como a gente passa a gostar de praticamente todos eles. E Delacroix é o assassino mais fofo e simpático que o cinema já produziu. Então, quando chega a vez de ele ir à cadeira, eu já estava soluçando. Só que aí, ainda tem o agravante da cena. O resto você já sabe.


04. Doce Novembro
Cena: último quarto do filme.

Esse filme é complicado porque eu o assisti em uma época em que minha tia começou a piorar do câncer novamente. Basta dizer que continuei chorando durante um bom tempo após o término do filme.


03. A Vida é Bela
Cena: depois que Guido esconde Giosué, já no final do filme.

Cuidado, contém spoiler: Quando o Guido deixa o filho, com a recomendação de que não saísse de seu esconderijo por nada nesse mundo, e encontra os soldados, eu demorei a entender o que estava acontecendo. A câmera não mostra nada, só o som dos tiros. Nossa, eu não acreditava que ele tinha morrido! Eu, que estava assistindo sozinha, parei o filme e comecei a andar pela sala chorando alto e dizendo "não! não é possível! ele não pode ter morrido!" - é, bem louca assim mesmo.


02. Meninos não Choram
Cena: cena final.

Assim como em Doce Novembro, o filme terminou e eu continuei lá, sentada chorando. Soluçava e chorava copiosamente enquanto meu marido me abraçava e tentava me acalmar. A grande diferença nesse caso é que o choro foi exclusivamente pelo filme, sem agravante pessoal.


01. Paixão de Cristo
Cena: o filme todo.

Acho que perdi uns 3 litros de água durante a exibição desse filme. Tinha ido ao cinema com meu marido e encharquei a camiseta dele com minhas lágrimas. Solucei o filme IN-TEI-RI-NHO. E depois, conversando com minha tia Dê, quase morri ao ouví-la dizer que foi ao cinema DUAS VEZES ver o filme, porque na segunda queria prestar atenção nos detalhes técnicos! Quer dizer... quê????!!!


Bom, esses são as minhas cenas choradeiras. E você, já está imaginando quais são as suas cenas? Conta aí.

7.11.10

Paranormal Activity (Atividade Paranormal)



2007 / 2009
Terror, Suspense

Direção: Oren Peli
Roteiro: Oren Peli





Com uma proposta simples a até bem executada, Atividade Paranormal peca onde não poderia, mas entrega um filme satisfatoriamente 'corrigido' aos cinemas.

Katie (Katie Featherston) desde sua infância enfrenta o medo de ocasionalmente presenciar estranhas manifestações paranormais à sua volta. Quando as manifestações voltam a perturbá-la e ao seu namorado Micah (Micah Sloat), este decide comprar uma câmera para tentar registrar os fenômenos.


Atividade Paranormal é um filme independente, feito com um orçamento de cerca de irrisórios U$15.000,00
, que foi lançado em alguns festivais em 2007, quando despertou o interesse da Paramount e de Steven Spielberg. Inicialmente, Spielberg tinha a intenção de refilmá-lo, colocando o próprio Peli na direção, mas após alguns percalços a idéia foi abandonada. A Paramount acabou optando por apenas fazer alguns cortes e pequenas inserções de cenas, mudando inclusive o final, por sugestão de Spielberg, e lançando o filme nos cinemas apenas em 2009. Não sem antes utilizar de uma bela estratégia de marketing que colocou Atividade Paranormal no mapa rapidamente.

A história do filme é muito simples e comum, a execução é bastante adequada, utilizando de idéias boas. As cenas noturnas (mesmo as em que nada acontece) são praticamente todas interessantes. A contagem do tempo é quase um personagem e o olho não sabe se se preocupa em averiguar a velocidade do marcador, ou se checa se tem algum fenômeno noturno acontecendo. Da mesma forma, o modo como os fenômenos vão se tornando cada vez mais presentes e impactantes, faz com que o filme cresça muito ao longo de sua projeção e crie uma ótima atmosfera de grande tensão.

Assim, a proposta é louvável, porém é um chute na trave. Eu quase gostei. Mas algumas cenas que a gente vê são injustificáveis demais, os atores são ruins demais, os personagens são inverossímeis demais. Aliás, está aí o maior problema: o personagem Micah é babaca demais. E eu não estava mais aguentando esse cara. Se o casal fosse mais simpático, talvez não tivesse sido uma tortura ficar 40 minutos sem que NADA acontecesse.

Eu assisti as duas versões do filme que pouco diferem, mas cujas pequenas mudanças são bastante importantes. Por sorte, alguém também achou o Micah um pé e cortou o que pôde de suas babaquices - questão de uma ou outra fala, realmente quase nada, mas já ajudou muito a deixar o filme mais interessante. Além disso, algumas cenas foram inseridas para a versão dos cinemas, que, entre cortes, inserções e mudanças, acabou ficando cerca de 10 minutos mais curto que o original. O final oficial é bem mais assustador, mas tão bom quanto o original. A diferença é que o segundo final dá margem à sequencia que, inclusive, já saiu nos cinemas.

A verdade é que me decepcionei demais com esse filme. Eu, que amei Bruxa de Blair e, diferente de Cloverfield, nesse caso não dá pra não pensar no filme da bruxa, já não aguentava mais ficar sentada esperando acontecer alguma coisa em Atividade Paranormal. Entretanto, devo adimitir que as qualidades existem e que é um filme de terror que pode facilmente cair no agrado das pessoas que gostam do gênero.