1988
Drama, Suspense
Direção: David Cronenberg
Roteiro: David Cronenberg e Norman Snider
Drama, Suspense
Direção: David Cronenberg
Roteiro: David Cronenberg e Norman Snider
Estava eu
deitada na cama, rolando de um lado para o outro. Até que finalmente percebi:
não consigo tirar esse filme da cabeça. Assim, fui obrigada a me levantar, a
sair do calor e conforto, e me dirigir a uma sala fria e escura. Só porque esse
filme é bom assim.
Beverly (Jeremy Irons) e Elliot (Jeremy Irons) são gêmeos,
idênticos. Desde crianças, compartilham suas experiências. Todas. Compartilham
tudo. Até que a atriz Claire Niveau (Geneviève Bujold) surge entre eles e
evidencia algo com o qual eles não podem lidar: suas identidades.
Essa noite
meu texto será passional, pessoal e íntimo. Não procure aqui tecnicalidades,
pois hoje, debaixo do edredom, eu apenas senti. Há quanto tempo não vejo os
créditos finais subindo, enquanto noto o meu coração disparado e a excitação de
ter sido tomada por aflição e desespero, mesmo sabendo que está tudo bem, que
estou segura e que “aquilo é só um filme”?
Jeremy
Irons é um espetáculo na tela. Brilhante, como não podia deixar de ser. Ele
mergulha de cabeça em duas personalidades que se distinguem e se confundem na
mesma proporção. Que são tão iguais, que a todo momento estamos incertos sobre
quem estamos vendo e, ao mesmo tempo, tão diferentes que não podemos imaginar
seres mais opostos.
David
Cronenberg, juntamente com sua equipe costumeira, é um mágico por trás das
câmeras, faz com que cada cena nos provoque mais e mais angústia. Mas
lentamente, com cuidado, tudo muito bem dosado. O roteiro é brilhante e um de
seus poucos roteiros não originais, é baseado no livro Gêmeos, de Barri Wood e Jack Geasland.
Não espere aqui
o Cronenberg completamente bizarro, o Cronenberg absolutamente grotesco. Não se
preocupe, você vai encontrar o bizarro e o grotesco, com a diferença de que não
estará pulsando na tela, se derramando para fora até você se encolher, temendo
ser devorado. O que você vai encontrar é um Cronenberg maduro e meticuloso, mas
que não perde sua identidade. Sua habilidade nesse quesito me remeteu a um
filme muito posterior, do Darren Aronofsky, sobre o qual já falei aqui: Cisne Negro. E, tal qual neste último, você
vai sim se encolher, mas temendo pela sua sanidade.
A licença
poética é muito bem dosada, tornando-se a cereja do bolo. Não se apegue ao
factível, não se agarre ao que é real. Todos sabemos quais as cores usadas em
uma sala de cirurgia, por exemplo, se ele mudou, entenda, ele o fez de
propósito. Faça como Bev, abra os braços, vista-se de vermelho e mergulhe na
insanidade, ou faça como Eli, entregue-se e deixe-se levar por esta experiência
fantástica e perturbadora. Qualquer que você escolha, o resultado será o mesmo.
Apenas não lute contra, pois irá doer.
Um comentário:
Muito melhor é ler você.!!!!! Melhor que Cronenberg! O Filme é Bom! Mas não é gostoso de assistir...
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