28.5.07

Aniversário Macabro (The Last House on the Left)

Uma jovem branca de cabelos escuros e lisos está gritando enquanto é segurada e ferida no colo por várias mãos masculinas ensanguentadas. Muito sangue escorre do corte dela em direção à base do pescoço.

1972
Terror
Direção: Wes Craven
Roteiro: Wes Craven




Se é um filme bem feito? Bem, levando em conta os recursos que se tinha, sim. Mas é um filme que eu gostei de ver? Definitivamente não.

Mari Collingwood (Sandra Cassel), é uma adolescente que vai a um show de rock com sua amiga Phyllis (Lucy Grantham) enquanto seus pais preparam uma festinha de aniversário surpresa para ela. A caminho do show, as duas meninas têm o azar de se deparar com uma quadrilha formada por dois fugitivos da prisão, o filho viciado de um deles e a amante do trio. Porém, depois de se divertirem com as garotas, os quatro vão pedir abrigo na casa dos pais de Mari.

Sadismo e crueldade são palavras que atingiram novos significados para mim depois que eu assisti a esse filme, que, diga-se de passagem, é o primeiro filme de Wes Craven (criador de Freddy Krueger). Todas aquelas qualidades que me chamaram a atenção em O Massacre da Serra Elétrica foram levadas aqui a um nível absurdamente sádico que em vez de apenas me amedrontar (como fez o outro), me trouxe uma sensação tão desagradável de nojo que eu simplesmente não consegui gostar de tê-lo assistido.

A direção de Wes Craven é notória, e a edição é simplesmente fantástica. Especial atenção para um trecho mostrado logo no início do filme, desesperador e digno de um Hitchcock sádico, que intercala sugestões do estupro de Phyllis (não vemos o ato em si acontecer) com os felizes Collingwood fazendo bolo e decorando a sala (com uma música bem bonitinha ao fundo). Esta sequência consegue fazer com que o espectador não apenas fique desesperado ao imaginar o que está acontecendo com as meninas enquanto não podemos vê-las, como também que ele se enterneça por aquele casal que mal sabe onde a sua querida filhinha está se metendo.

Aniversário Macabro é recheado com cenas de violência e estupro gratuitos, manipulados por um quarteto que parece gostar do que faz e, pior, esse parece ser o único motivo de fazê-lo. Apenas em um momento do filme inteiro os quatro personagens se mostram chocados com seus atos e demonstram um pouco de piedade. E é nesse momento em que o filme dá a grande reviravolta. Porém Wes Craven não soube dosar a frieza dos acontecimentos a partir desse momento, quando os pais de Mari descobrem a quem estão dando abrigo e resolvem se vingar da quadrilha. Não é um momento passional, nem envolvente. Foi com a mesma crueza e corriqueriedade (neologismos, folks!) com a qual a quadrilha tratou Mari e Phyllis, que os Collingwood também trataram a quadrilha. Não houve uma força animalesca que os movesse. Não houve o desespero tomando conta (como eu imagino que aconteceria num caso desses), houve apenas a frieza e o calculismo. Foi um final vazio demais para o restante do filme.

Quem quiser assistir por curiosidade, como eu fiz, não vou dizer que é perda de tempo. Mas aviso que é simplesmente desagradável. E antes de mais nada, outro aviso, apesar do que dizem as letrinhas iniciais, o filme NÃO é baseado em fatos reais, apesar de ser bem plausível que algo assim já tenha acontecido pelo mundo afora. E isso é o mais chocante.

6 comentários:

Anônimo disse...

Se diz 'perda' de tempo, e não 'perca' di tempo.

tha disse...

Nossa, foi vergonhoso mesmo. Valeu pelo aviso!

Anônimo disse...

É mais um desses filmes em que diretores com tendencias sádicas, se preocupam apenas em mostra violencia da forma mais cruel que existe. Êsse tem que ir pra um lixão onde já devem estar a série jogos mortais e coisas do genero.

tha disse...

Oi, anônimo,

Bom, quando a gente não gosta de filmes de terror, fica difícil aceitar um filme como Aniversário Macabro. Mas dentro do que ele se propõe, não é de todo ruim - apesar de não ter sido um filme que eu gostei de assistir.

Abraços!

Soninho disse...

Direção fantastica e filme muito bem produzido (para os padrões da epoca). Não é um filme para pessoas de estomago fraco acostumados a terror tipo jason e companhia (não é uma critica tbm gosto de jason). O original é bem melhor do que a refilmagem, como quase sempre ocorre. Reocmendo a todos os fão do genero

tha disse...

Pois é, a grande 'controvérsia' desse filme é que ele é forte demais, até mesmo se visto nos dias de hj. Ele sem dúvida é desagradável para a maioria das pessoas.

Por mais qualidades que o filme tenha, a sensação ruim que ele me passou foi o que ficou mais evidente.

Mas como eu disse ao longo do meu texto, ele tem muitas qualidades.