25.8.07

Alta Tensão (Haute Tension)

Um homem branco, ruivo desgrenhado, começando a ficar calvo, tem sangue escorrendo por todo o rosto e olhar sério. Sua cabeça está levemente inclinada para baixo e seus olhos azuis estão bem abertos, mostrando a parte branca na borda inferior dos olhos. Usa uma roupa bege, ou amarela clara, muito suja e com sangue escorrendo por ela.


2003
Terror
Direção: Alexandre Aja
Roteiro: Alexandre Aja e Grégory Lavasseur


 


Esse é um dos raros filmes (senão o único) que ao terminar eu pensei: dane-se a veracidade, que me importa a possibilidade! O final gerou furos de roteiro? Talvez, mas to me lichando pra isso!!!

Marie (Cécile de France) e Alex (Maïwenn Lê Besco) são duas universitárias que vão passar alguns dias no sítio, com a família de Alex. Na mesma noite em que elas chegam, um sórdido assassino (Philippe Nahon) surge para acabar com suas vidas das maneiras mais sanguinárias imaginadas.

Fazia muito tempo (talvez desde O Massacre da Serra Elétrica e Ju-On: The Grudge) que eu não via um filme que tenha me deixado TÃO tensa durante o filme INTEIRINHO. O nome desse filme lhe caiu como uma luva mesmo.

Alexandre Aja foi como todos os diretores de filmes de terror deveriam ser: sem medo de ser feliz. Ele é sem dúvida nenhuma uma das grandes revelações do cinema de horror. Dirigiu também Viagem Maldita, mas, talvez por ser um remake, este é apenas um filme bom, nada perto de Alta Tensão. Espero ansiosa que Alexandre Aja não seja o diretor de um filme só...

Cécile de France simplesmente destrói! Lembra da Sally (Marilyn Burns), a loirinha do Massacre? Pois é, a Marie não tem nada a ver com ela! Gritos de pânico, desespero e fuga a todo o vapor são coisas que não fazem parte do vocabulário dela. Isso ela deixaria para a pobre Alex, se esta tivesse a chance - tenho CERTEZA que ela faria tudo isso, pois a Maïwenn é f*** também. E “Le Tueur” (“O Matador”) dá um show à parte, não precisa de máscara, só com a sua barriga nojenta e suas unhas encardidas ele já é horrível o bastante (visualizou um bugre, né? pois não deve ser tão blerg quanto este).

Finalmente um filme de terror que de fato serve para aterrorizar. Era tudo o que eu queria e foi o que eu consegui. E nem a enorme expectativa que o rodeada serviu para amenizar o impacto.

Dicas para gostar ainda mais do filme*:

- Em certa passagem do filme toca uma música do Muse (New Born). Descubra a letra da música e relacione com a cena correspondente.

- Existe uma cena dentro de um banheiro público, preste atenção na inscrição que aparecerá no banheiro e depois pesquise a respeito dela.

 
SPOILER:
Ao terminar o filme você fica com algumas dúvidas. Mas que diabos? Como que a garota conseguiu guiar dois automóveis ao mesmo tempo? Como ela conseguiu guiar o furgão e estar na caçamba ao mesmo tempo? DE ONDE VEIO AQUELE FURGÃO?????

Bom, a maneira mais sadia (leia-se “de modo a não enlouquecer de tanto pensar”) de interpretar isso é supondo que a maior parte do filme é proveniente da imaginação grotesca da Marie. Só o que temos certeza que aconteceu foi: Marie matou pai, mãe e irmãozinho da Alex (e o cachorro, e os periquitos...), depois o pobre do rapaz do posto de gasolina e, por fim, o fulaninho que tava só passando por ali de carro (uma das mortes mais legais do filme – finalmente alguém teve coragem de usar uma moto-serra como ela merece!); de resto, tudo pode ser simplesmente invenção da louquinha.

Puxa, essas mortes... Caraca, muito boas! Talvez a do pai seja um pouco demais para uma menina daquelas ter conseguido de fato realizar, mas vale por ela ter imaginado que seria assim (e nós termos visto, claro). Outra que é imaginária, mas é uma das minhas preferidas, é a do pau-farpado. Nossa, haja paulada com arame-farpado na cara do grotesco, meu! E depois ela puxando o plástico todo grudado nos buracos da cara dele! Ah, eu sou fã dessa Marie!!!!

Bom, voltando às suposições. Será que Marie e Alex eram realmente amigas de faculdade? Será que elas sequer se conheciam? Eu começo a acreditar que não. E aí está a beleza do filme (fora o fato de ele ser ENERVANTE!), não dá pra saber e cada um acredita no que quer. Se você quiser acreditar que isso é tudo balela e o filme é uma bosta, pode também! Vale tudo.

Há quem acha até que a Marie se auto-mutilou para tentar provar que sua história era verdade (senão, como explicar a existência dos ferimentos que ela ganhou no acidente de carro se não é possível ter havido nenhum?). Eu particularmente não sou muito fã dessa interpretação, acho até que prefiro uma versão onde a Marie volta a pé pro posto, cata o carro do mortinho e capota sozinha. E por que ela faria isso? Porque ela é uma doida que hora acha que é uma menina que enfrenta um assassino, hora acha que é um barrigudo nojento.

Eu sei lá porque ela faria isso, caramba!

Diz aí o que VOCÊ achou, e depois conversamos...


* Dicas de JP.

5.8.07

Noite do Terror (Black Christmas)

Uma jovem branca, de cabelo liso, longo e preto, segura ao ouvido o fone de um telefone verde oliva com fio. Sua expressão é de preocupação.


1974
Susense/Terror
Direção: Bob Clark
Roteiro: Roy Moore





Junte Black Christmas e O Massacre da Serra Elétrica e você terá toda essa bananada de slashers que tomaram conta dos anos 80. Billy e Leatherface, juntos, são os precursores de Michael Meyers, Jason Vorhees e Freddy Krueger. E são muito melhores que estes.

Durante o Natal, um grupo de garotas que vive em uma espécie de pensão começa a ser molestado por estranhos telefonemas. Logo, uma a uma, as meninas serão vítimas de um louco assassino.

Filme ótimo, surpreendentemente bom. Talvez o único pecado de Black Christmas seja o fato de ficar um pouco em cima do muro. Não sei se é suspense ou se é terror. Isso pode ser uma coisa boa, mas nesse caso pode ter prejudicado um pouco. Quem não gosta de terror não se sentirá impelido a assisti-lo, e quem busca pelo terror incessante ficará desapontado com sua moderação em usá-lo. Já o público que se encanta com ambos encontra nesse filme um prato cheio!

Bob Clark nunca foi um diretor que tenha despontado completamente em sua carreira. E Black Christmas fez sucesso em sua época, mas o tempo e os novos slashers o fizeram perder o brilho. Ele acabou se perdendo principalmente atrás do seu “filho” Halloween, e digo filho porque Halloween foi feito a partir de um roteiro criado para ser a continuação de Black Christmas. O mesmo aconteceu com Mensageiro da Morte, e ambos acabaram sendo lançados como filmes independentes.

Foram dois os títulos que renderam a fama de Clark: a clássica comédia Poky’s e seu maior sucesso Uma História de Natal. A partir daí nota-se que este não era um homem de uma faceta só. A única semelhança que esses filmes possuem (incluindo Black Christmas) é o fato de todos serem precursores dentro de seus gêneros. E esse mérito Bob Clark terá pela eternidade.

Fora a originalidade (e só por isso esse filme já merece respeito), Black Christmas possui o clima sombrio na medida certa, com tomadas muito bem feitas e consegue se manter intrigante durante todo o tempo, sem precisar apelar para a beleza das atrizes. E olha que temos Margot Kidder – a Louis Lane dos filmes do Superman – no elenco! (soma-se a isso o fato de que Clark também dirigiu Porky’s e aí sim, essa informação se torna realmente notável)

Além disso, o serial-killer Billy é de fato assustador, algo importantíssimo num filme desse tipo. Nós nunca o vemos diretamente, mas sua silhueta e sua voz já são o suficiente para gelar a espinha.

Com tantas qualidades, é claro que Black Christmas não conseguiu ficar fora da onda de remakes (e falta de criatividade) que assola Hollywood. E corre o boato que novamente a refilmagem não conseguiu atingir nem metade do que o original conseguiu. Assim, fico até com medo de assistir o novo! Para quem, assim como eu, não quiser assistir o remake, pegue o original e não se arrependerá. Ah, que diabos, isso vale para quem assistiu o remake também!