6.5.19

Especial Vincent Price - parte 1

Neste texto decidi mudar um pouco as coisas. Aproveitando a oportunidade que surgiu de rever um dos meus filmes favoritos com o Vincent Price, resolvi reassistir outros títulos estrelados por esse que é o meu ator preferido de todos os tempos. Aproveito também que maio é o seu mês de aniversário, então mais um motivo para homenageá-lo.

O primeiro filme que assisti com Vincent Price foi Edward Mãos de Tesoura (1990). Não fazia ideia de quem era aquele velhinho e fiquei encantada com ele, sem saber inclusive que aquele havia sido seu último filme. Contudo, somente muitos anos depois (em 2007), ao começar uma busca por filmes de casas mal assombradas, me deparei com A Casa dos Maus Espíritos (1959), sobre o qual eu falei à época neste blog e voltarei a falar ao final deste especial.

A partir daquela data, mergulhei em uma empreitada cujo objetivo era tentar assistir o máximo possível de filmes protagonizados por esse ator incrível. Fiquei obcecada com Vincent Price! Agora, muitos anos depois, revisito seus filmes e aproveito esse momento para divulgar três preciosidades:

- O áudio somente da voz do Vincent Price quando ele faz a narração da música Thriller, do Michael Jackson (incluindo um trecho que não foi na gravação final da música). Eu tenho absoluta loucura por essa narração e a risada final é uma das melhores coisas do universo.
- Vincent Price declama o poema O Corvo, de Edgar Allan Poe. A voz desse homem foi feita para esse tipo de coisa, eu simplesmente não dou conta.
- O curta do Tim Burton, Vincent (1982), narrado por nada menos que... sim. O link leva ao texto que escrevi uns anos atrás, mas dentro deste há outro link para o curta.

O último filme que eu havia assistido com ele foi em maio de 2017, quando fiz uma maratona de filmes estrelados pela maravilhosa Bette Davis (que provavelmente um dia terá seu próprio especial neste blog, já que é minha atriz favorita de todos os tempos). Trata-se não de um terror, mas sim de um drama bastante delicado chamado Baleias de Agosto (1987).

A seguir, vou comentar brevemente sobre cada um dos filmes revisitados nos últimos dias, os quais selecionei por serem os mais famosos e, alguns, por estarem entre os meus preferidos. O especial foi dividido em quatro partes, para que as publicações não ficassem muito grandes, e se encerrará no dia 27, quando Vincent Price, se vivo estivesse, estaria completando 108 anos!


Vincent Price está sentado em uma cadeira com encosto de vime. Está grisalho, usa bigode pontudo e cavanhaque, e seus olhos azuis brilham. Veste terno preto e gravata de laço (não exatamente a borboleta). Está sério e bastante bonito. Alguém segura à sua frente uma caixa, cujo conteúdo é uma cabeça feminina (de cera), muito bem feita).
Museu de Cera (House of Wax)

1953
Terror
Direção: André de Toth
Roteiro: Crane Wilbur e Charles Belden


Optei por começar por um dos primeiros que assisti dele.

Eu pouco me lembrava da história e me surpreendi positivamente nessa experiência. Eu não me lembrava, por exemplo, como o roteiro é eficiente e como ele já provoca grande aflição logo a partir dos 10 minutos iniciais.

Apesar de apresentar o problema comum à época da falta de diversidade*, gostei de ver como a personagem de Phyllis Kirk tem grande importância no desenvolvimento da trama. Também me conquistaram detalhes como a amizade genuína entre duas personagens femininas; a dona da pensão, apesar de megera, é colocada como uma mulher corajosa; mesmo a cena com as dançarinas de can-can e os closes em suas pernas tendo sido totalmente gratuitos, há comentários progressistas com relação a elas.

Em 2006 escrevi um textinho bem sem-vergonha sobre o remake de 2005 - não recomendo o texto, mas está aí caso haja curiosidade.


O Corvo (The Raven)
gif com Vincent Price (de bigode), usando uma veste de veludo cinza claro decorado, adornado com uma jóia fechando o colarinho. Um corvo se apoia no braço direito enquanto bebe de uma taça que Vincent segura com sua mão esquerda (nesta mão, seu dedo anelar possui um anel com uma grande pedra vermelha). Vincent Price quase sorrindo observa o corvo acompanhando a ação levemente com sua cabeça.
1963
Terror, Comédia
Direção: Roger Corman
Roteiro: Richard Matheson e Edgar Allan Poe (poema)

Adoro esse filme! Tenho um problema apenas com a trilha sonora nos momentos em que tenta forçar a graça, o que ocorre bastante principalmente na primeira metade do filme, pois esse tipo de apelo não funciona mais nos dias de hoje. Ainda assim, no restante do tempo, a trilha ainda é bastante eficiente.

O Vincent Price tem muita aptidão para a comédia, isso é inegável. Eu amo suas expressões de espanto, seu sorriso condescendente ao mesmo tempo que simpático. Aliás, o elenco desse filme é um desbunde! Temos Boris Karloff, o amorzinho Peter Lorre e até mesmo um rapazola Jack Nicholson. É uma pena que a parte feminina deixe tanto a desejar, não no sentido de atuação, mas de ter comparativamente pouco tempo de câmera.

Recomendo também mais um filme, chamado Farsa Trágica (1963), em que o trio Price - Lorre - Karloff se reencontra, outra comédia de horror divertidíssima.

Foto em preto e branco. Boris Karloff em pé à esquerda apoia seu braço no espaldar alto e ornamentado de uma cadeira onde está sentado Peter Lorre. No alto do espaldar há um corvo. Vincent Price está em pé à direita olhanado diretamente para o corvo que o olha de volta. Todos possuem vestes elegantes e cheias de adornos e chapéus.


Gif. Vincent Price usa terno preto, gravata borboleta e echarpe vermelhos. O cabelo bigode grisalhos, as faces apresentando rugas e sinais da velhice. Ele se serve de uma bebida com uma concha. Em primeiro plano algumas velas iluminam o ambiente.A Mansão da Meia-Noite (House of the Long Shadows)

1983
Terror, Comédia, Mistério
Direção: Pete Walker
Roteiro: Michael Armstrong e Earl Derr Biggers (romance)

Esse é o mais novo dos filmes dentre os selecionados para este especial. Reúne um trio inestimável, pois juntam-se a Price os incríveis Peter Cushing e Christopher Lee. O elenco também conta com John Carradine, que faleceu poucos anos depois.

A entrada de Vincent Price é pomposa e dramática, tal qual ele próprio. Não querendo puxar sardinha, mas a presença dele em cena imediatamente dá luz ao filme. A frase "please, don't interrupt me while I'm soliloquizing"** simplesmente me faz sorrir.

Uma das coisas que eu gosto desse filme é que a primeira parte dele é quase como um remake das inúmeras versões de "A Casa Deixada de Herança" do Chapolin Colorado - mas menos galhofa! Já a segunda metade tem um quê de Os 7 Suspeitos (1985) - repito, 'mas menos galhofa!' -, apesar de este ser posterior.

O filme tem problemas principalmente com a atuação do elenco mais jovem. De qualquer forma, é um filme bastante despretensioso e todo o seu clima assustadoramente encantador me agrada muito.

Posando para a foto estão todos de pé, da esquerda para a direita: Christopher Lee, John Carradine, Peter Cushing e Vincent Price. Christopher é visivelmente o mais novo com cerca de 60 anos, Vincent e Peter com cerca de 70 anos cada, e John o mais velho, com quase 80 anos.Todos com roupas muito elegantes, de ternos escuros, e sérios. Ao fundo, o cenário de uma casa antiga cheia de teias de aranha, velas, objetos ornamentando as paredes escuras.

...

A parte 2 estará disponível aqui a partir do dia 13/05/2019.




* Aliás, o problema da diversidade é algo que será uma constante nos filmes sobre os quais falarei nesse especial, então não irei ficar repetindo todas as vezes. Apenas tenha isso em mente.

** "Por favor, não me interrompa enquanto estou monologando".

Obs: se você clicar no gif com o corvo, você será redirecionado para uma página recheada de gifs maravilhosos de Vincent Price!

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