O primeiro filme que assisti com Vincent Price foi Edward Mãos de Tesoura (1990). Não fazia ideia de quem era aquele velhinho e fiquei encantada com ele, sem saber inclusive que aquele havia sido seu último filme. Contudo, somente muitos anos depois (em 2007), ao começar uma busca por filmes de casas mal assombradas, me deparei com A Casa dos Maus Espíritos (1959), sobre o qual eu falei à época neste blog e voltarei a falar ao final deste especial.
A partir daquela data, mergulhei em uma empreitada cujo objetivo era tentar assistir o máximo possível de filmes protagonizados por esse ator incrível. Fiquei obcecada com Vincent Price! Agora, muitos anos depois, revisito seus filmes e aproveito esse momento para divulgar três preciosidades:
- O áudio somente da voz do Vincent Price quando ele faz a narração da música Thriller, do Michael Jackson (incluindo um trecho que não foi na gravação final da música). Eu tenho absoluta loucura por essa narração e a risada final é uma das melhores coisas do universo.
- Vincent Price declama o poema O Corvo, de Edgar Allan Poe. A voz desse homem foi feita para esse tipo de coisa, eu simplesmente não dou conta.
- O curta do Tim Burton, Vincent (1982), narrado por nada menos que... sim. O link leva ao texto que escrevi uns anos atrás, mas dentro deste há outro link para o curta.
O último filme que eu havia assistido com ele foi em maio de 2017, quando fiz uma maratona de filmes estrelados pela maravilhosa Bette Davis (que provavelmente um dia terá seu próprio especial neste blog, já que é minha atriz favorita de todos os tempos). Trata-se não de um terror, mas sim de um drama bastante delicado chamado Baleias de Agosto (1987).
A seguir, vou comentar brevemente sobre cada um dos filmes revisitados nos últimos dias, os quais selecionei por serem os mais famosos e, alguns, por estarem entre os meus preferidos. O especial foi dividido em quatro partes, para que as publicações não ficassem muito grandes, e se encerrará no dia 27, quando Vincent Price, se vivo estivesse, estaria completando 108 anos!

Museu de Cera (House of Wax)
1953
Terror
Direção: André de Toth
Roteiro: Crane Wilbur e Charles Belden
Optei por começar por um dos primeiros que assisti dele.
Eu pouco me lembrava da história e me surpreendi positivamente nessa experiência. Eu não me lembrava, por exemplo, como o roteiro é eficiente e como ele já provoca grande aflição logo a partir dos 10 minutos iniciais.
Apesar de apresentar o problema comum à época da falta de diversidade*, gostei de ver como a personagem de Phyllis Kirk tem grande importância no desenvolvimento da trama. Também me conquistaram detalhes como a amizade genuína entre duas personagens femininas; a dona da pensão, apesar de megera, é colocada como uma mulher corajosa; mesmo a cena com as dançarinas de can-can e os closes em suas pernas tendo sido totalmente gratuitos, há comentários progressistas com relação a elas.
Em 2006 escrevi um textinho bem sem-vergonha sobre o remake de 2005 - não recomendo o texto, mas está aí caso haja curiosidade.
O Corvo (The Raven)

1963
Terror, Comédia
Direção: Roger Corman
Roteiro: Richard Matheson e Edgar Allan Poe (poema)
Adoro esse filme! Tenho um problema apenas com a trilha sonora nos momentos em que tenta forçar a graça, o que ocorre bastante principalmente na primeira metade do filme, pois esse tipo de apelo não funciona mais nos dias de hoje. Ainda assim, no restante do tempo, a trilha ainda é bastante eficiente.
O Vincent Price tem muita aptidão para a comédia, isso é inegável. Eu amo suas expressões de espanto, seu sorriso condescendente ao mesmo tempo que simpático. Aliás, o elenco desse filme é um desbunde! Temos Boris Karloff, o amorzinho Peter Lorre e até mesmo um rapazola Jack Nicholson. É uma pena que a parte feminina deixe tanto a desejar, não no sentido de atuação, mas de ter comparativamente pouco tempo de câmera.
Recomendo também mais um filme, chamado Farsa Trágica (1963), em que o trio Price - Lorre - Karloff se reencontra, outra comédia de horror divertidíssima.

1983
Terror, Comédia, Mistério
Direção: Pete Walker
Roteiro: Michael Armstrong e Earl Derr Biggers (romance)
Esse é o mais novo dos filmes dentre os selecionados para este especial. Reúne um trio inestimável, pois juntam-se a Price os incríveis Peter Cushing e Christopher Lee. O elenco também conta com John Carradine, que faleceu poucos anos depois.
A entrada de Vincent Price é pomposa e dramática, tal qual ele próprio. Não querendo puxar sardinha, mas a presença dele em cena imediatamente dá luz ao filme. A frase "please, don't interrupt me while I'm soliloquizing"** simplesmente me faz sorrir.
Uma das coisas que eu gosto desse filme é que a primeira parte dele é quase como um remake das inúmeras versões de "A Casa Deixada de Herança" do Chapolin Colorado - mas menos galhofa! Já a segunda metade tem um quê de Os 7 Suspeitos (1985) - repito, 'mas menos galhofa!' -, apesar de este ser posterior.
O filme tem problemas principalmente com a atuação do elenco mais jovem. De qualquer forma, é um filme bastante despretensioso e todo o seu clima assustadoramente encantador me agrada muito.
...
A parte 2 estará disponível aqui a partir do dia 13/05/2019.
* Aliás, o problema da diversidade é algo que será uma constante nos filmes sobre os quais falarei nesse especial, então não irei ficar repetindo todas as vezes. Apenas tenha isso em mente.
** "Por favor, não me interrompa enquanto estou monologando".
Obs: se você clicar no gif com o corvo, você será redirecionado para uma página recheada de gifs maravilhosos de Vincent Price!
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