4.5.08

Abismo do Medo (The Descent)

Uma mulher branca com o corpo coberto de sangue, grita com a cabeça jogada para trás e os braços estendidos ao lado do corpo e levemente abertos. Ela tem cabelos lisos e longos molhados de sangue e colados ao corpo, usa regata escura justa. Ao fundo, desfocada, uma parede de pedra escura.


2005
Suspense / Terror
Direção: Neil Marshall
Roteiro:
Neil Marshall






Este é apenas o terceiro filme de Neil Marshall, mas já é possível perceber o domínio que ele tem como diretor. Um filme muito bom, que prende a atenção do início ao fim. A pedidos, Abismo do Medo.

Um ano depois de perder o marido e a filha em um trágico acidente, Sarah (Shauna Macdonald) vai a uma expedição com as amigas. Sua amiga Juno (Natalie Mendoza) é quem as lidera até uma caverna nunca antes explorada, onde acabam ficando presas e encontrando estranhas criaturas no escuro.

Escuro e claustrofóbico são as palavras mais usadas para qualificar esse filme. Se você já ouviu falar de Abismo do Medo, provavelmente o comentário veio acompanhado de pelo menos uma dessas duas palavras. Mas não é à toa. E ambos os adjetivos estão intimamente ligados nesse caso.

Claustrofobia é o que sentimos quando aquelas mulheres ficam presas em uma caverna, quando são obrigadas a se embrenharem em espaços diminutos, se arrastando em túneis que mal são suficientes para que passem se rastejando, tendo como iluminação apenas as luzes de algumas poucas lanternas. Aquela escuridão, onde mal se pode ver onde se pisa, onde não se sabe quem é quem.

E como é que se pode assistir um filme assim, sem conseguir ver nada!?

Por que tamanha escuridão?! Oras, simplesmente porque numa situação como essa, a escuridão é a única coisa verossímil! Isso, à exemplo de O Massacre da Serra Elétrica, é a solução mais simples e inteligente que um diretor poderia conseguir para que possamos sentir exatamente o que as personagens estão sentindo em uma situação como a enfocada pelo filme. Se você, assistindo, está desesperado e angustiado e clautrofóbico, imagine as personagens! Você consegue sentir o que elas sentem e isso cria um vínculo entre vocês. A escuridão não é apenas uma característica marcante de Abismo do Medo, mas é a característica que mais o eleva acima de outros similares.

Mas não só de qualidades é feito um filme. Abismo do Medo está longe de ser perfeito. Embora a história do acidente da família de Sarah seja de certa forma importante para explicar suas ações ao longo do filme, fiquei com a sensação de que a personagem era um pouco menos simtipática do que deveria. Isso me distraiu em alguns momentos do filme, pois eu me irritava um pouco com ela. Também algumas cenas relacionadas à finada filha de Sarah me pareceram muitas vezes deslocadas, como se pertencessem a outro filme. E há quem acredite que, na verdade, as aparições da menina, somadas a diversas outras dicas, corroboram com a teoria de que tudo o que aconteceu dentro da caverna era apenas ilusão de Sarah e que ela era a responsável por todo o horror que se instalou naquele lugar. Eu não concordo com a teoria pelo simples fato de que, em alguns momentos, as outras mulheres também vêm as criaturas e, inclusive, as matam. Porém, acredito que se a teoria fosse verdadeira, o filme se tornariam muito melhor.

Uma falha do filme é o fato de as criaturas, mesmo cegas, não terem olfato, tato e audição superdesenvolvidos. Eu nem acho que é uma falha grotesca, mas é algo que me chamou a atenção em alguns momentos do filme, pois isso aumentou as chances de sobrevivência das personagens. Isso sem falar nas super habilidades de luta que aquelas mulheres tinham! Porém, acho que nenhuma dessas duas características consegue diminuir muito o valor do filme.

Agora, a cena que é quase unanimidade, a melhor cena do filme, senão do ano. A cena do lago de sangue, que até me fez lembrar aquela de Carrie. Um filme que contém uma cena daquelas tem que ser no mínimo bom!
E de qualquer forma, num balanço geral, Abismo do Medo é um filme que tem muitas qualidades e que consegue mostrar que temos um novo diretor que promete muito.

10 comentários:

Dr Johnny Strangelove disse...

Sendo sincero ...
quando revi apos de ter feito a minha resenha ... fico ainda me perguntando, o que esse filme tem de bom ...
ele se sustenta no quesito da escuridão e da claustrofobia porém de resto ... caiu no abismo do marasmo ... e olha que tenho o poster genial do filme e vi o filme umas 4 vezes

tha disse...

Não entendi, JP! Vc gostou ou não do filme?? hehehehe

Cecilia Barroso disse...

Eu vou assistir para ver como é essa sensação de escuridão, mas o resto da história não parece ser muito boa não... Depois que eu assistir, falo aqui...
Beijocas

Dr Johnny Strangelove disse...

Gosto, mas não merece o furor ...

tha disse...

Cecilia, o filme nada mais é do que um bom filme de terror. Gostar dele depende muito de gostar do gênero, eu acho.

Mas, como o JP disse, não merece tanto furor quanto houve ao seu redor.

Anônimo disse...

Ok, é verdade, não havia necessidade de tamanho celeuma em torno do filme. Não é uma obra-prima do horror, pois é cheio de defeitos e buracos, mas ganha pontos só por fugir das atuais amarras de meia dúzia de filme do gênero, que quando não traz o execrável porno torture, traz algum fantasminha japonês (ou tailandês) movimentando a trama. Mas filmes com monstros são como uma faca de dois gumes: se mostrar demais sem se preocupar com o bom senso vira um Criaturas, e se apostar no clima e mostar pouco vira um Alien. Pelo menos Abismo do Medo ficou na segunda categoria, porque clima angustiante e assustador ele tem de sobra. Agora, Tha, não entendi o porque de certa crítica de sua parte por conta da força das protagonistas. Já pensou como seria chato um filme só com mulheres (pois é...) que só fazem gritar, correr e morrer? Acho que as mulheres do cinema aprenderam a lição que a Tenente Ripley deixou. Girl Power!!! O filme, além de alguns sustos antológicos (você assistiu com a luz do quarto apagada?), olhando bem, deixa algumas metaforazinhas sublinhares - grupo de mulheres explorando uma caverna nunca antes explorada (!). Admito: gostei, e muito. Mesmo com muitas falhas (como as citadas aparições desnecessárias da filha morta de Sarah), Neil Marshall merece ser aplaudido de pé. Você já viu o anterior dele, Cães de Caça (o dos lobisomens-soldados)? Vale a pena também. Agora é só esperar para ver o que ele está reservando para Doomsday... E você já assistiu a brincadeira chamada Planeta Terror? Gostaria de ler uma resenha ácida sua sobre a podreiria cômica de Robert Rodriguez. Bye.

tha disse...

Oi, Rick!

Então, não que eu ache que as personagens deviam ser frágeis e tal, só que achei que em alguns momentos a força delas ficou um pouco exagerada.

Mas, como eu disse no texto, isso não diminui o valor do filme.

No fim das contas, acho que a gente até concorda bastante, mas eu não fiquei tão empolgada qto vc, rsrs. Mas o filme ficou ótimo e por vários motivos merece respeito, tanto que eu achei ele bem bom.

Ainda não vi o Cães de Caça, principalmente pq o tema lobisomens não me seduz nem um pouco, mas vou acabar assistindo. E Planeta Terror eu quero muito assistir!!!! Está na minha listinha de pretensões, pena que ela tá meio grandinha... hehehe

Anônimo disse...

Bem, eu assisti e esquisito ou não , gostei. Sou medrosa mas adoro um terror.BJS

Anônimo disse...

Nossa, esse me deixou sem dormir. Adoro um terror desesperançoso. Sou medrosa e quase sempre cubro os olhos, meu filho de 4 anos dá de dez a zero. BJS

Anônimo disse...

Eu assisti 3x, de tão bom que achei. Indiquei pra minha irmã assistir e ela achou uma merda, nem assistiu até o final. Disse que o filme é sempre a mesma coisa. A opinião de bom e ruim muda de pessoa pra pessoa. Eu achei o filme ótimo.