
1972
Terror
Direção: Wes Craven
Roteiro: Wes Craven
Se é um filme bem feito? Bem, levando em conta os recursos que se tinha, sim. Mas é um filme que eu gostei de ver? Definitivamente não.
Mari Collingwood (Sandra Cassel), é uma adolescente que vai a um show de rock com sua amiga Phyllis (Lucy Grantham) enquanto seus pais preparam uma festinha de aniversário surpresa para ela. A caminho do show, as duas meninas têm o azar de se deparar com uma quadrilha formada por dois fugitivos da prisão, o filho viciado de um deles e a amante do trio. Porém, depois de se divertirem com as garotas, os quatro vão pedir abrigo na casa dos pais de Mari.
Sadismo e crueldade são palavras que atingiram novos significados para mim depois que eu assisti a esse filme, que, diga-se de passagem, é o primeiro filme de Wes Craven (criador de Freddy Krueger). Todas aquelas qualidades que me chamaram a atenção
A direção de Wes Craven é notória, e a edição é simplesmente fantástica. Especial atenção para um trecho mostrado logo no início do filme, desesperador e digno de um Hitchcock sádico, que intercala sugestões do estupro de Phyllis (não vemos o ato em si acontecer) com os felizes Collingwood fazendo bolo e decorando a sala (com uma música bem bonitinha ao fundo). Esta sequência consegue fazer com que o espectador não apenas fique desesperado ao imaginar o que está acontecendo com as meninas enquanto não podemos vê-las, como também que ele se enterneça por aquele casal que mal sabe onde a sua querida filhinha está se metendo.
Aniversário Macabro é recheado com cenas de violência e estupro gratuitos, manipulados por um quarteto que parece gostar do que faz e, pior, esse parece ser o único motivo de fazê-lo. Apenas em um momento do filme inteiro os quatro personagens se mostram chocados com seus atos e demonstram um pouco de piedade. E é nesse momento em que o filme dá a grande reviravolta. Porém Wes Craven não soube dosar a frieza dos acontecimentos a partir desse momento, quando os pais de Mari descobrem a quem estão dando abrigo e resolvem se vingar da quadrilha. Não é um momento passional, nem envolvente. Foi com a mesma crueza e corriqueriedade (neologismos, folks!) com a qual a quadrilha tratou Mari e Phyllis, que os Collingwood também trataram a quadrilha. Não houve uma força animalesca que os movesse. Não houve o desespero tomando conta (como eu imagino que aconteceria num caso desses), houve apenas a frieza e o calculismo. Foi um final vazio demais para o restante do filme.
Quem quiser assistir por curiosidade, como eu fiz, não vou dizer que é perda de tempo. Mas aviso que é simplesmente desagradável. E antes de mais nada, outro aviso, apesar do que dizem as letrinhas iniciais, o filme NÃO é baseado em fatos reais, apesar de ser bem plausível que algo assim já tenha acontecido pelo mundo afora. E isso é o mais chocante.