
1977
Terror, Giallo
Direção: Dario Argento
Roteiro: Dario Argento e Daria Nicolodi
Suzy Bannion (Jessica Harper) é uma bailarina que está ingressando em uma famosa escola de dança na Alemanha. Porém, uma série de assassinatos ligados de alguma forma à escola faz com que Suzy perceba que há algo muito estranho acontecendo à sua volta.
As palavras-chave aqui são: arquitetura, cores, música. Nem mesmo as atuações medianas (algumas exceções para melhor, outras para muito pior) são capazes de diminuir o impacto causado por essa tríade; ao contrário, talvez até mesmo agreguem certo charme no clima alucinado e perturbador do longa. Aliás, o ar onírico do filme permite que possamos abrir mão inclusive da lógica e da busca por uma história completamente sem furos. O roteiro, a propósito, foi escrito em parceria com Daria Nicolodi, atriz e escritora que atuou em diversos filmes do Dario Argento e interpretou uma personagem ma-ra-vi-lho-a em Prelúdio Para Matar (1975).

As cores marcadas estão dispersas seja na própria decoração dos ambientes, seja no forte uso da iluminação monocromática. Praticamente todas as cenas possuem uma cor predominante, ou uma combinação de cores fortes. O filme se torna, assim, uma experiência cromática que se funde à arquitetura, criando essa sensação de que o que estamos vendo é mais do que uma simples história de terror. Eu te convido a clicar na imagem acima para aumentá-la, de modo a visualizar melhor as cenas as quais selecionei e que possibilitam perceber sobre o que exatamente estou falando. Além disso, Dario Argento utiliza as cores, principalmente o vermelho, de modo bastante curioso. A violência no filme é muito gráfica, mas o sangue é basicamente tinta vermelha. Ao mesmo tempo, o vinho tem uma viscosidade e coloração muito próximas do sangue real - provando que o sangue visualmente artificial é de fato uma escolha e não simples falta de opção. Faz sentido: se o sangue é tinta, o filme de terror se torna a base para uma obra de arte.
Por fim, a trilha-sonora composta (em parceria com Dario Argento) e executada pela banda Goblin é a outra ponta do tripé que sustenta Suspiria. Se visualmente o impacto é grande, não adianta fechar os olhos. Nos momentos em que a trilha entra em ação, o volume se eleva a ponto de se tornar quase insuportável. Insuportável de um jeito bom, já que estamos falando de um filme de terror. Trata-se de um rock progressivo com vocais absolutamente aterrorizantes e com uma música-tema muito marcante. A trilha-sonora injeta a energia fantasmagórica que faltava na dureza arquitetônica e na psicodelia de cores.
Dessa forma, o clima de terror criado pelas edificações e ambientes, pela iluminação de um colorido extremo e pela trilha-sonora assustadoramente alta e exótica, fazem com que Suspiria esteja marcado como um dos mais interessantes filmes de terror de todos os tempos.
No texto "As Três Mães" eu falarei um sobre as sequências e sobre a refilmagem de Suspiria.