
2005
Terror
Direção: Eli Roth
Roteiro: Eli Roth
Com seus fãs incondicionais, O Albergue até tem lá suas qualidades, mas, em meio a um roteiro mal elaborado, elas não conseguem torná-lo um filme bom.
Paxton (Jay Hernandez) e Josh (Derek Richardson) estão fazendo um mochilão pela Europa em busca do de sempre: sexo; e logo conhecem Oli (Eythor Gudjonsson), que é basicamente um tarado na mesma situação dos dois. Em um de seus passeios, eles ficam sabendo de um albergue na Eslováquia onde lindas mulheres têm uma certa tara por americanos. Quando a esmola é muita, o santo desconfia, mas como eles são tudo menos santos, os três partem para um lugar distante e estranho, onde não farão falta a ninguém.
A primeira hora de filme serve basicamente para nos apresentar os personagens (da qual quinze minutos foi o suficiente para destrinchar suas personalidades de cabo a rabo – elas têm a profundidade de um pires). Eli Roth também aproveita essa parte do filme para levantar algumas questões sociais, como a facilidade de se conduzir as pessoas desde que se satisfaçam as suas necessidades pessoais, a corrupção e a criminalidade infantil. Sendo um filme de terror, até entendo que Eli Roth não tenha destrinchado mais esses assuntos, porém para essa citação seriam necessários no máximo mais quinze minutos de filme.
Assim, na pior das hipóteses, O Albergue precisaria de 30 minutos para fazer uma coisa que ele enrolou por pornográficos 60. Entendam, o filme tem um total de 94 minutos, dos quais cerca de 60 minutos são de apresentação dos personagens, levantamento de questões sociais e MUITOS peitos; e apenas uns 35 minutos (repito, 35) são do que se pode chamar terror.
O Albergue é um filme de terror, cujo terror só é passado em um terço do filme. E pior. O terror é relegado APENAS a esses 35 minutos finais. Não há um só suspensezinho que seja durante a incansável primeira hora de filme. Filme de terror que apela para peitos? Ta cheio! Vocês nunca me viram reclamando disso aqui, mas nesse caso é uma hora de filme pornô contra 35 minutos de terror. Essa proporção está completamente invertida!!!!!!!!! Será que ninguém consegue ver isso????
A preocupação de Eli Roth em levantar problemáticas para se pensar após o filme é visível. Em seu final, outras questões que o filme levanta são qual é o limite para o que o dinheiro pode comprar, até onde um ser humano pode chegar, e qual o limite entre o prazer e o doentio. Toda essa citação de temas psicológicos e sociais, somados às ótimas cenas de tortura, são o que fazem com que eu não considere O Albergue um filme péssimo. São o que fazem com que eu veja que o Eli Roth até tem um bom feeling para a coisa, mas ele não soube conduzi-la, ponderar as proporções, lapidar o roteiro de modo a transformá-lo no filme genial que ele poderia ter sido.