2007
Suspense, Ação
Direção: Francis Lawrence
Roteiro: Mark Protoseviche Akiva Goldsman
Esse filme me foi recomendado por diversas pessoas que não gostam de filmes de terror, nem de monstros. E ele me parecia que seria basicamente isso, de modo que a curiosidade aguçou.
O ano é 2012 e um vírus, originado pela tentativa de se conseguir a cura para o câncer três anos antes, havia transformado pessoas em desfigurados e desumanizados seres sedentos por sangue e com grande sensibilidade a qualquer tipo de luz. O único sobrevivente de New York, e talvez do mundo, é Robert Neville (Will Smith), um cientista imune ao vírus que se sente culpado por não ter conseguido conter a devastação do mundo. Acompanhado de sua fiel cachorra Samantha, ele se esforça por se manter vivo, não enlouquecer, encontrar outros sobreviventes. E tenta a todo custo descobrir uma cura para o vírus e conseguir reverter a situação.
Ao assistir Eu sou a Lenda, tive a impressão de que ele tinha alguma pretensão de ser uma versão de suspense de O Náufrago. Samantha faz as vezes de Bola Wilson - e é extremamente carismática e cativante. Mas Will Smith não é exatamente um Tom Hanks e, além disso, a ilha do náufrago não estava infestada de ‘zumbis’ noite afora. O desenrolar de Eu sou a Lenda é cheio de momentos dramáticos – que de fato me fizeram chorar bastante, mas fica a sensação de que tudo não passou de um pouco de forçação de barra para conseguir colocar mais profundidade a um simples ‘filme de zumbis’*. Porém, no fim das contas, Eu sou a Lenda acabou conseguindo realmente ser um ‘filme de zumbis’ diferenciado e muito bom.
Nesse ponto já deve haver várias pessoas gritando com a tela do computador: não são zumbis!!! Porém, eu peço desculpas a essas pessoas, pois continuarei me referindo ao filme dessa forma. Mesmo que tecnicamente os monstrinhos não sejam zumbis, pois não são mortos-vivos, mas são praticamente isso.
Voltando. Como eu disse, Will Smith não é exatamente o melhor ator de sua geração, mas ele consegue carregar o filme praticamente inteiro completamente sozinho, e consegue fazer isso com bastante competência. Já está se comprovando que ele é um ótimo ator e não apenas um ótimo comediante. Uma surpresa é a presença de uma brasileira, Alice Braga, filha da Sônia Braga. O papel não é grande, mas, tendo em vista a pouca quantidade de personagens ao longo do filme, digamos que ela é a terceira personagem com maior destaque na trama (claro, a Samantha é a segunda). E Alice Braga não faz feio e já mostrou um belo dum potencial (só desconte um tiquinho de puxa-saquice minha por ela ser brasileira).
Apesar disso, mais ou menos a partir do ponto em que a nossa brasileira aparece é que o filme começa a não me entusiasmar tanto quanto antes, culminando em um final que não me pareceu tão apoteótico quanto tenta ser. O ato heróico se mostrou mais como um pretexto para dar mais ênfase ao nome do filme, do que um final daquele tipo: ‘nossa, esse era realmente o melhor final para esse filme’.
Por esse motivo, e também por outros citados no início do meu texto, acredito que, apesar de Eu sou a Lenda ter conseguido se destacar dentre os ‘filmes de zumbis’, ele não me pareceu mostrar uma abordagem tão profunda quanto a de, por exemplo, Extermínio – o qual preciso rever, por sinal. Eu sou a Lenda é um filme realmente muito bom, do qual eu gostei muito. Mas é um pouco pretensioso.
* Deve-se destacar que o que eu estou chamando de zumbis são, de acordo com o romance homônimo no qual o filme foi baseado, vampiros. Não li o livro, mas no filme eles pouco se assemelham ao que classicamente se entende por vampiros.