20.2.11

Black Swan (Cisne Negro)




2010
Drama, Suspense
Direção: Darren Aronofsky
Roteiro: Andrés Heinz, 
Mark Heyman e John McLaughlin






Para conseguir interpretar A Rainha Cisne no balé O Lago dos Cisnes, a bailarina Nina (Natalie Portman) precisa provar que é capaz de dançar como o Cisne Negro tão bem quanto o faz sendo o Cisne Branco. É isso o que exige Thomas Leroy (Vincent Cassel), o diretor da peça. No entanto, com a chegada da nova bailarina Lily (Mila Kunis), Nina teme perder a preferência do diretor.

Bom? Ótimo? Excelente? 

Não. 

Perfeito. 

O primeiro contato que tive com Cisne Negro foi através dos trailers. Fiquei empolgadíssima com o elenco, com a estética, com tudo. A cada cartaz, a cada imagem aleatória, a cada comentário que me caía ao conhecimento, mais interessada eu ficava. E aí sempre bate aquele medão de se decepcionar depois, né. Mas não foi o caso.

Cisne Negro cumpre com absolutamente tudo o que promete: atuações perfeitas, roteiro bem desenvolvido, história forte, edição de cenas e sonora impecáveis, estética lindíssima, efeitos especiais muito bem dosados e que agregam valor ao filme. Não há do que reclamar.

Natalie Portman já entrega o inevitável logo nas primeiras cenas. Não há dúvidas de que ela seja aquela mocinha frágil e travada, não há dúvidas de que ela seja o próprio Cisne Branco. E, como bailarina, mesmo que os especialistas no assunto possam notar algum movimento impreciso de suas mãos ou pernas, ela consegue fazer-nos entender porque ela é um Cisne Negro tão medíocre e, ao mesmo tempo, porque ela tem potencial para ser excepcional. Vincent Cassel faz seu papel com tamanha precisão que nos convence sem o menor esforço de que pode ser galã e sedutor, por mais feio que seja. Barbara Hershey, no papel da mãe de Nina, nos brinda com uma personagem complexa e executa seu papel lindamente. Mesmo Mila Kunis faz muito bem o papel de Lily, com bastante consistência.

O roteiro é tão bem construído que a gente vai entrando naquele relacionamento defeituoso entre mãe e filha, se envolvendo com os defeitos de cada uma. A isto se soma o relacionamento entre Nina e Thomas, cheio de cobranças, intimidade e tensão. E, para coroar, temos a própria personalidade auto-destrutiva de Nina. Pronto, temos um filme para nos deixar tensos  e incomodados do início ao fim.

É claro que para salientar e evidenciar cada aspecto, há a belíssima edição de som, os efeitos especiais perfeitamente  pontuais e a execução da trilha-sonora maravilhosamente adaptada do original O Lago dos Cisnes. Tudo isso é obra de uma direção que sabe muito bem a que resultado quer chegar. Obra de um diretor que tem uma visão quase onírica e precisa da história, e que sabe como traduzi-la em imagens.

E eu preciso salientar quão competente é esse diretor. Arofonsky sabe o que precisa para atingir seu objetivo e sabe usar essas ferramentas de maneira bem feita. O uso dos espelhos como figura de linguagem é inteligente sem ser óbvio demais ou cansativo. A posição da câmera que em certos momentos quase engole o rosto de Natalie Portman, em outros a segue pelas costas,  e, em outros ainda, a segue de frente, como se a personagem caminhasse olhando para si mesma. Ele sabe escolher o enquadramento ideal para cada momento, sem perder a unidade, e de modo a nos levar a fundo na mente da protagonista cada vez mais perturbada.

Para finalizar, nada tenho a dizer, a não ser: Darren Aronofsky acaba de ganhar uma fã inveterada. 

3 comentários:

Anônimo disse...

Concordo com quase tudo.
Pra falar a verdade só consegui assistir o filme em 2 dias. Realmente o filme incomoda, pela psicopatologia.

Gostei da Natalie, acho que mereceu o Oscar, mas muito mais enquanto Cisne Negro. Achei que a fragilidade demostrada pela personagem foi tanta, que a todo momento não me convenceu, nem que poderia ser o Cisne Branco. Ou seja a todo momento senti que nem a parte do Cisne Branco ela conseguiria dançar.

Beijão!

M.A.B.

Rick Lima disse...

Aronofsky é um diretor que mergulha fundo na alma humana e testa os limites de seus personagens/protagonistas. Quer saber o quanto ele é excepcional? Assista Réquiem para um Sonho, seu melhor trabalho (e um dos meus filmes preferidos também). Cisne Negro é um grande filme, atesta a maturidade de seu realizador, mas não é uma obra perfeita - o que não justifica a cara de "não acredito que não ganhei" que ele fez no Oscar. O filme é todo de Natalie Portman. Gosto das cenas de paranóia e dos momentos de tensão repugnante a la A Mosca (como na cena que ela delira arrancando a carne do dedo indicador, urgh). Fiz uma crítica discretinha também, olha lá.

tha disse...

Rick, depois de muitos anos, aqui está a resposta que vc provavelmente nunca lerá:

Eu assisti não tem muito tempo o Réquiem para um Sonho e fiquei muito muito impactada, rs. Eu chorei demais, foi um filme que me quebrou. Toda a parte centrada na personagem da Ellen Burstyn me tocou DEMAIS. Durante alguns dias, eu não podia ouvir o tema central da trilha sonora que eu caía em prantos. É um filme pesado, mas que tem uma irreverência que até hoje se mantém desconcertante. Contudo, acho que ainda prefiro Cisne Negro, apesar de o Aronfsky ter perdido essa coisa de um cinema mais atrevido que eu gosto muito. Muito obrigada brigada por sua presença nesse blog durante os anos em que ele esteve vivo, rs. Abraços!